25/12/10

"Restos" mágicos

Há quinze anos, no dia de hoje, o meu Natal começou mais cedo. Na Rádio Azul, a apresentar o programa da manhã (07/10h). Acredito que a emissão correu bem e quase estraguei tudo no final, quando - ainda em piloto automático - desejei aos ouvintes, "um Natal cheio de restos". E foi tão sentido o desejo, que provocou ainda mais gargalhadas na estação, semi - deserta.
A Natália Abreu estava de serviço comigo, naquela manhã. E nunca mais se esqueceu. Hoje mesmo publicou no Facebook essa frase "brilhante", reinvindicando como parte integrante do espólio pessoal. Dela, pois claro.
Dou comigo a pensar na importância desses "restos". "Restos" mágicos. Porque restaram. Porque ficaram. Quinze anos depois. Apetece-me abraçar esses "restos" e outros bem mais recentes. Todos os "restos" que restam, que ficam, na memória, no coração. São "restos" que nunca foram... restos. São pedaços da própria vida que a gente recupera, sem nunca ter perdido.E agora sim, "tenha um resto de um feliz Natal!".

11/12/10

24 De Dezembro (1991 ou 92 não tenho certeza do ano)

Foi a primeira consoada fora da família de sangue.
Era o Armando Carvalheda director de programas, na rifa calhou-me a noite de consoada. Depois de comer apressadamente em casa, lá fui eu carregada de LP’S para a estrada da baixa de Palmela, de serviço na redacção estava a Adelaide Coelho (grande amiga para uma noite especial). O farnel ia no Renult 5 do meu pai. Mesa posta na redacção, emissão no ar. Na mala do vinil constava um 33 rotações fantástico, um Duplo MiX de música, cada lado do vinil durava aproximadamente 24 minutos, dava quase para 2 horas. Tudo estrategicamente montado e combinado com a Adelaide Coelho, emissão “normal” até às 23, a partir daí os MIXES entravam em circulação, ia ao estudio de 23 em 23 minutos. As sonoras gargalhadas coloríamos o ambiente da fria casa… “As espertas” ludibriavam os demais, sentadas na redacção contando historias, gargalhando comendo… até que percebemos que nenhuma das duas tinha levando copos. A Garrafa de whisky olhava para nós, as nossas gargantas secas de tanto rir e falar, pediam um pouco de líquido. Que fazemos? … …
Que fazemos? … Arrombamos bar da Isabel? Não! Sempre doidas mas muito sensatas sabíamos se o fizéssemos, teríamos problemas, perceberiam que precisávamos dos copos para beber em serviço. Uma de nós; sinceramente não me recordo quem teve a ideia, o que sei é que ambas concordámos. Em papel fizemos canudos para beber o whisky, ate o papel ficar ensopado, dava para beber uns bons golos. O que não sabíamos é a beber assim o “estalo” era assumidamente maior. Faltavam poucos minutos para a meia- noite, a garrafa de whisky já passava de meio. Quando eu ia ao estudio confesso que tinha dificuldade em articular as palavras, a concentração para aquele comento era imensa estava bem “almariada” … ai se estava.
O Telefone preto toca (lembram-se do telefone  )… olhámos uma para a outra … quem será a esta hora?
Eu com ar sério, atendo …. Do outro lado da linha oiço a voz do Armando, rapidamente fiquei sóbria, ai… pensei, vai falar-me do mix que está no ar! Vai perceber que a dicção podia estar mais aberta, vou passar mais 2 semanas com um lápis na boca para abrir a mandíbula.
Tal não é o meu espanto… do outro lado… oiço um franco Feliz Natal e um elogio ao programa… não esqueço a frase…. «…Lena estás a fazer uma emissão muitooo boa…. Parabéns… »
Quando desliguei a chamada não preciso escrever o que se passou?
Eu e a Adelaide rimos tantoo mas tantooo… escusado será dizer que a garrafa de whisky foi vazia para o Renult 5 (claro, não deixámos rastos)
Foi uma noite e tanto de Natal… Só hoje percebo a riqueza desse momento de puro convívio… Foi a única noite de Natal que trabalhei ao microfone. Noite essa que recordo todos os anos, quando estou sentada junto à família na consoada!
Bom Natal a Todos! Amigos que a Azul uniu!
Para ti Adelaide um grande beijo… foste uma grande companheira de Natal…………..

09/12/10

Palavrinhos e véspera de Natal

Véspera de Natal, início da tarde, nos - então - novíssimos estúdios da Rádio Azul (1986). Damo-nos conta que não tínhamos nada alusivo à quadra, para o nosso programa de informação, Gazeta da Tarde. Num ápice e com meia duzia de telefonemas, chama-se toda a redacção à base, onde só estavamos de serviço eu e o Jorge Simões. Redacção reunida, definem-se estratégias. Vai tudo para rua fazer reportagens, exceptuando os dois que estavam na escala. Coube-me fazer noticiários e a própria Gazeta, enquanto que o Jorge Simões (que ainda por cima precisava de sair mais cedo) iria gravar rm's. Os outros companheiros iriam conciliar as reportagens com as compras (de última hora) de Natal.
A tarde avançou no tempo, o Jorge saiu deixando algumas rm's prontos para irem para o ar e de repente fiquei sozinha. Com um programa de uma hora para fazer e sem saber muito bem o que fazer. O material disponível daria para quinze ou vinte minutos. Às 19h entrei no ar. Angustiada! Ninguém dava sinal de vida, ninguém chegava com reportagens e o material estava rapidamente a esgotar-se.
Passava o penúltimo "rm" disponível e de repente, todos os repórteres invadem o estúdio e em vez de começarem a montar o material, resolveram mostrar-me o que tinham feito. Todos ao mesmo tempo! O "rm" que estava no ar, estava a acabar e... acabou. Gritei pelo intercomunicador para o técnico "cola a publicidade" e na precipitação abri o microfone enquanto dizia "despachem-se p..., vão montar essas coisas, m..., eu ouço tudo quando estiver a passar... p..., despachem-se!" E fiquei por aqui, quando me dei conta das expressões de espanto dos meus colegas. Estava sem "phones" e não me dei conta que tudo o que eu tinha dito, tinha saído na antena!
(...)
O meu desabafo surtiu alguns efeitos. Os repórteres foram todos para a redacção tratar das reportagens que por artes mágicas começaram a entrar em tempo recorde.
No final do programa, fiquei a saber que, por causa dos "palavrinhos" que eu tinha proferido em directo, o policia sinaleiro da Avenida dos Combatentes, esteve prestes a ser atropelado. Pela Mila de Matos (directora comercial da R.A.). Quando ouviu o meu primeiro desabafo, achou que não tinha ouvido bem e procurou sintonizar o rádio. Com o carro em andamento e felizmente que seguia devagar. Quando confirmou que era mesmo eu que estava a desabafar também se deu conta que ou travão a fundo, ou policia atropelado. Abençoado travão!

N.B. No dia do jantar dos 25 anos da rádio, comentei esta história com algumas pessoas. Entre elas o Luís Monteiro e o João Melo. E comentei também que - à excepção da Mila - mais ninguém me chamou para atenção para os desabafos em directo. Resposta do João Melo: "Só disseste isso? Claro que ninguém ralhou contigo, ora! Esses palavrões eram pacíficos comparados com os que muito boa gente proferiu, de microfone aberto!".

A consoada do silêncio

Foi o único Natal da minha vida em que comi o bacalhau da consoada sozinha.
A família juntou-se à mesa quando eu ainda estava na Rádio, a fazer as habituais duas horas de "Divagando". Era a última noite em que íamos para o ar, antes do encerramento obrigatório das rádios locais.
Entre os temas musicais seleccionados com um muito especial cuidado, li um poema que perguntava "E quando não for Natal?", passei a versão Disney do "Conto de Natal", de Charles Dickens...e «vinguei-me» do que estava a acontecer, lendo um artigo de Fernando Dacosta sobre "a matança dos inocentes" (nós!) que terminava assim: "Cavaco Silva parece, em termos culturais, ter vocação de Herodes."
Depois, com um instrumental de "Je ne regrette rien" por fundo, comentei que não lamentava realmente nada ter, um dia, aceite o convite que me foi feito pelo Jorge Simões e ter ido parar à Rádio Azul.
"Estou a deixar-me levar pelo sentimento, mas neste momento apetece-me de facto formular os meus votos de um Feliz Natal a todos os colegas que aqui passaram: a Paula Belchior, o Pedro Brinca, a Adelaide Coelho, o Paulo Sérgio e tantos, tantos outros..."

Foi assim, a 24 de Dezembro de 1988, como atesta a gravação que fiz e guardei religiosamente.
Vinte e dois anos mais tarde, renovo os votos de um Feliz Natal a todos os que preservam no coração este Azul (Com)passado.

Dina Barco

Uma história de Natal

Estamos a aproximar-nos da época do Natal e esta história tem de ser contada aqui.
Na redacção da Azul, as escalas eram feitas, nesta época do ano, tendo em conta que quem trabalhava no Natal não trabalhava no Ano Novo ou na Passagem de Ano e vice-versa.
Como eramos uma equipa solidária estas coisas eram sempre decididas "democraticamente" através de um sorteio, mas contando nestes sorteios com a boa vontade de uns e outros.
No ano em questão coube-me a mim e à Adelaide a emissão do dia 25. Passámos a tarde do dia de Natal na rádio. A emissão seguia só até às 21 horas, ou seja, não havia as 24 horas por dia como nos restantes dias do ano.
A redacção e a rádio em geral estavam carregadas de bolo-rei, filhoses, sonhos e outros mimos que nós levavamos e que os ouvintes nos ofereciam. Havia obviamente também uma ou outra garrafita de moscatel, mas tenho de garantir que não foi o moscatel que esteve na origem da despedida da Adelaide no noticiário das 21 horas.
Depois de dar conta da actualidade da cidade, do país e do mundo, a madrinha de metade dos jornalistas que passaram por aquela redacção brinda os ouvintes com o "Desejo de um Bom Natal cheio de restos!"

25/11/10

Noites em Branco

Penso que estávamos em 1992. Houve uma fase em que as madrugadas ao fim de semana eram apenas musicais. Música a metro, nada de notícias nem "papagaios". O técnico assegurava a continuidade. Havia publicidade a todas as horas, no bloco do sinal horário. Era assim da uma às sete da manhã. Uma seca.
Houve uma (sim foi apenas uma) madrugada... eram 3 ou 4 da manhã... um "diabinho" desafiou-me: «não metas a publicidade... ninguém ouve...» e deixei-me levar pela tentação. Desliguei o gerador do sinal horário e não pus publicidade. Estava a gravar cassetes para mim.
Cerca duns 10 min depois da hora toca a campainha... Vou espreitar à janela. Lá fora, da porta da rádio encaminha-se para a janela da régie um senhor baixinho, gordo e bigode que me pergunta com um ar muito sério qualquer coisa como «Então não há sinal horário?» Atrapalhado, desfiz-me em desculpas embora aquele senhor - à altura - não tivesse nada a ver com a Rádio Azul. Porra! Logo na única vez em que me baldei tinha que haver alguém a ouvir! Fiquei a pensar com os meu botões que a voz daquele gajo era-me familiar. Nahhh... não podia ser quem eu pensava... Poucos dias depois saía uma informação interna a dar conta de que o AC era o novo director de programas. Quem não podia ser afinal era.

12/10/10

Tractor

Creio ter sido no segundo mandato do professor Mata Cáceres na câmara de Setúbal, que a cidade recebeu uma dose generosa de alcatrão... O presidente andava tão entusiasmado que só falava no assunto. Em todas as entrevistas, todas, mesmo que o tema fosse outro.
Num evento cultural, a coisa repetiu-se. A Fernanda Matos chegou à redacção e muito apreensiva disse-me:"Adelaide, não sei o que fazer com isto. O presidente só falou do alcatrão!".
Já um bocadinho irritada, teci uns comentários que não vale a pena repetir e terminei: "Vai ficar para a História, como o Manel do Alcatrão!".
Na redacção, para além dos jornalistas, estavam uma conhecida figura da politica (oposição) e um actor do TAS (Teatro de Animação de Setúbal). Na entrevista daí a alguns minutos, em directo, a ilustre figura política teceu - para não variar - duras críticas ao presidente e - despudoradamente - apossou-se do meu desabafo sobre o alcatrão e disse-o como sendo dela. Para a coisa ser perfeita, o actor do TAS também criou uma rábula sobre o mesmo assunto. Tempos mais tarde, o presidente deu-me a entender, em conversa meramente informal, que não tinha gostado muito da história.
Sem coragem para confessar a autoria da carinhosa alcunha e já que o autarca estava prestes a fazer anos, propus à redacção a oferta de um miminho... um tractor em miniatura. Que segundo sei, adorou! Espero que também goste desta história... quase vinte anos depois!
Um beijinho, professor Mata Cáceres, com todo o respeito

Adelaide

10/10/10

Afluentes…

Uma noite chegou de uma reportagem, tão mansinha que pensei que algo menos bom tinha acontecido. Não exteriorizou absolutamente nada, não resmungou, nem disse um único palavrão! Hum… cada vez mais estranho! Perguntei se tinha corrido tudo bem e respondeu que sim… sem a “festa” do costume. Enclausurou-se no mini estúdio e foi montar a peça. Quando saiu, tinha um brilhozinho nos olhos. Um brilhozinho diferente, a raiar a emoção. Os olhos da “neófita” Natália mostravam bem que o rio Sado iria ganhar dois afluentes a qualquer instante…A Natália Abreu tinha entrevistado Álvaro Cunhal. E, naturalmente, ficou comovida. Entrevistar a História comove e dá uma preciosa ajuda no processo de crescimento…

Beijinhos, na catedral dos afectos

24/09/10

Obrigada Maria Adalgisa… Graças a si tivemos uma cadeira nova no estúdio!

Quando cheguei à rádio Azul confesso foi a “figura” que mais me impressionou, pela história de vida, pelo que já tinha já feito em rádio, nomeadamente em África.
Ao pensar na rádio Azul, penso automaticamente na Maria Adalgisa, sempre bem-disposta lá chegava com o seu saco de almoço…
Sim! Fazer o clube da tarde entre a 13 e as 15 horas tinha obrigatoriamente que comer na rádio, principalmente no final de cada semana uma vez que gravava emissões de fim-de-semana em bobine.
Guardo a recordação da “nossa” Maria Adalgisa, com o seu almoço no estúdio 3 (o mais pequeno nas instalações da baixa de Palmela).
Independentemente da ementa a sua garrafinha de vidro amarelado lá trazia um bom tinto, se calhar o segredo, da “nossa” Adalgisa, sempre teve uma voz deslumbrante, límpida, com uma dicção e melodia invejável.
Gostava de partilhar convosco um episódio na minha opinião no rol dos melhores que aconteceram nas instalações da Baixa de Palmela.
Reporta-se ao tempo do vinil. Não me lembro quem era o técnico, acho que o Jaime Silva, Nuno Fernandes estava na assistência técnica. Como estava a preparar a Ocidental Praia entrava e saída da régie, esqueci de referir que há muitos meses que a cadeira do estúdio tinha uma roda solta…
Todos nós sabemos que estes pormenores de manutenção demoravam uma eternidade a ser resolvidos… Tínhamos que ser nós locutores a estrategicamente colocar a cadeira na posição certa, isto é com a roda partida para a frente.
Sou péssima para situar acontecimentos mas lembro da hora 13:30…O som da rádio ligado na régie, eu e o Nuno Fernandes de conversa na régie… até que ouvimos um barulho enorme, para terem ideia… ambos saltamos com o susto…
Imediatamente olhámos para a Maria Adalgisa, não a vimos sentada na cadeira.
O Jaime Silva (técnico) tinha ido à redacção… vem a correr… “tamos em branca gritava…”
Após a aflição do Jaime ouvimos via rádio….
«Ai… ai… ponha-me o Marco Paulo a tocar… ai… ai….»
A nossa Maria Adalgisa estava no chão, tinha caído para trás… o micro estava aberto… azar, o vinil era um 45 rotações, (alias ela usava pouco o vinil 33, já tinha dificuldade em ver as linhas que separavam cada faixa)
Resumindo a “nossa” Adalgisa não colocou estrategicamente a roda da cadeira para a frente… quando abriu o micro para falar inclinou-se ligeiramente para trás, a cadeira ficou sem apoio… e caiu… mesmo assim e porque percebeu que a emissão estava em branca, mesmo no chão, preocupou-se em lançar outro disco para o ar!
Na hora não sorrimos se quer… mas depois…. Bom! …
Este episódio foi recordado durante muitos meses, principalmente porque no dia seguinte a administração da rádio Azul brindou os seus locutores com uma cadeira nova de estúdio.
A Maria Adalgisa sofreu umas pequenas nódoas negras, nada de mais felizmente; Ainda hoje consigo visualizar a cena… vê-la no chão mais preocupada em colocar o disco do ar do que em levantar-se do chão.
Passando estes 2 ou 3 minutos lá tocou finalmente o Marco Paulo, com as taras e manias, ao longo da tarde trabalho extra para o Nuno Fernandes, o telefone tocava sistematicamente, os ouvintes ficaram preocupados com a queda da Maria Adalgisa, de micro aberto, todo o episodio foi para o “ar” inclusive o estrondo da queda!

Obrigada Maria Adalgisa! Pela cadeira … e claro por esta recordação!

17/09/10

Sim! …Eu estou na história dos primeiros cd’s da rádio Azul.

Um dia, o Luis Monteiro chama-me ao gabinete e diz….
- «… Lena, investimentos muito em cd’s, alguns estão a desaparecer, temos que pôr travão nisto, as etiquetas tal como fazemos no vinil não estão a resultar… como não temos dinheiro para comprar um marcador, você marca-os com alguma coisa que deixe marca no disco….»

Ora pois, foi o que fiz! As marcas ainda lá estão nos primeiros 250 cd’s da rádio Azul.
Este episódio serviria seguramente para formações de empresas…
É preciso saber mandar… (alias conversei sobre isto, com o Luis Monteiro no jantar das bodas de prata)
A “boa” da Lena pegou no clips, abriu-o e começou a marcar todos os cd’s.
R.A em letras grandes quase atravessando todo o disco…
Alguém sabia que marcando o disco por cima ia risca-lo por baixo?
Claro que não, até porque o compacto disc estava a chegar a Portugal
Nem vos conto quando descobrimos que os primeiros 250 cd’s estavam quase inutilizados. Para a história, muitas emissões com discos riscados.
Mas também uma semana a ouvir os cd’s de inicio a fim, para marcar as faixas riscadas. Estou portanto na história dos cd’s da rádio Azul……mas por razões negativas …
Positivo? O Luís Monteiro nunca mais esquece que para mandar executar algo, é necessário saber da matéria! Um abraço Luis, e desculpe lá o prejuízo, até hoje não percebi porque a Fernanda Melo não me descontou no ordenado.

Sim! …Eu estou na história dos primeiros cd’s da rádio Azul.

Um dia, o Luis Monteiro chama-me ao gabinete e diz….
- «… Lena, investimentos muito em cd’s, alguns estão a desaparecer, temos que pôr travão nisto, as etiquetas tal como fazemos no vinil não estão a resultar… como não temos dinheiro para comprar um marcador, você marca-os com alguma coisa que deixe marca no disco….»

Ora pois, foi o que fiz! As marcas ainda lá estão nos primeiros 250 cd’s da rádio Azul.
Este episódio serviria seguramente para formações de empresas…
É preciso saber mandar… (alias conversei sobre isto, com o Luis Monteiro no jantar das bodas de prata)
A “boa” da Lena pegou no clips, abriu-o e começou a marcar todos os cd’s.
R.A em letras grandes quase atravessando todo o disco…
Alguém sabia que marcando o disco por cima ia risca-lo por baixo?
Claro que não, até porque o compacto disc estava a chegar a Portugal
Nem vos conto quando descobrimos que os primeiros 250 cd’s estavam quase inutilizados. Para a história, muitas emissões com discos riscados.
Mas também uma semana a ouvir os cd’s de inicio a fim, para marcar as faixas riscadas. Estou portanto na história dos cd’s da rádio Azul……mas por razões negativas …
Positivo? O Luís Monteiro nunca mais esquece que para mandar executar algo, é necessário saber da matéria! Um abraço Luis, e desculpe lá o prejuízo, até hoje não percebi porque a Fernanda Melo não me descontou no ordenado.

(a colocação deste post... um dia também merecerá um post... obrigada Adelaide)

16/09/10

Piolhito

Chegou para o primeiro dia de estágio pouco depois das sete da manhã. Lembro-me bem dos olhos pequeninos de sono e brilhantes de felicidade. Começou a surpreender-me nas primeiras horas. A miúda respirava talento e era pecado não a deixar andar embora ainda mal tivesse começado a gatinhar. Por isso, nesse mesmo primeiro dia, foi ao microfone e portou-se bem. Gravou uma peça para o noticiário, a partir de uma entrevista que fez, montou e redigiu, sozinha.
A protagonista destas linhas chama-se Ana Catarina Santos. Cresceu rapidamente na nossa rádio e velozmente voou para projectos mais altos. E voa, voa, voa! Acredito que vai continuar a crescer, muito, sempre. E eu vou continuar a chamar-lhe o meu "Piolhito".
Há um pormenor curioso que também quero partilhar. A Ana Catarina foi a minha única estagiária na Rádio Azul que já me conhecia pessoalmente e mal entrou na redacção fez questão de me perguntar como é que me tratava, lá dentro, por uma questão de respeito. Respondi-lhe, "trata-me bem". Creio que é por isso que recentemente me chamou "dinossaura fofinha"!

13/09/10

Quinzinho minha p... (meu amor)

Numa das muitas madrugadas, fui surpreendida pelo matraquear do telex, comercial, a meio da noite. A mensagem recebida dizia:: "Estive a ouvir o teu noticiário. Vejo que estás bem melhor da afonia"... Desconhecia o nome do remetente e respondi: "Deve haver confusão. Eu não estive afónica", e de imediato: "Tens muita graça. Ontem dizias estar afónica. Também já não te lembras dos telexes que me mandaste na noite passada, das coisas que escreveste... certo?".
Na noite passada, estava em casa a dormir. A troca de telexes intensificou-se e finalmente percebi que alguém tinha escrito ao rapaz, em meu nome, prosas - um bocadinho - tórridas. E para prevenir o entusiasmo do rapaz, quem escreveu em meu nome, acrescentou que eu estava afónica.
Na mudança de turno, acusei a Luisa Barata de ter sido a autora da brincadeira. Ela negava, quase chorava e eu, já estava com vontade de a brindar com um "palavrinho" quando me apercebi da expressão deliciada do Herrera. Ainda assim, inocentemente, disse-lhe: "Já viste a m... que fizeram? O gajo está todo convencido que fui eu. Que m...".
Continuei a desfiar o dicionário vernáculo e quando voltei a olhar para o Quinzinho, reparei que a custo tentava disfarçar o riso... percebi tudo e chamei-lhe o "palavrinho" destinado à Luisa!

15/08/10

Porque há sempre quem nos inspira e ensina

Criámos este blog para contar estórias da história da nossa rádio, mas parece que anda tudo muito tímido. Não queria ser das primeiras a postar, mas como ninguém quer tomar a iniciativa, cá vou eu.
E faço-o porque me sinto regressar ao passado. De novo, ao fim de alguns anos, tenho de novo a minha mentora ao meu lado a ajudar-me, a corrigir-me, a incentivar-me e a dar-me nas orelhas como só ela sabe fazer.
Sei que muitos, ao olhar para trás, encontram o exemplo nesse grande homem da comunicação que foi, é e será sempre o Jorge Simões, ou melhor (e com a devida vénia) o Sr. Jorge. Eu revejo-me na Adelaide Coelho. Para mim é ela a referência e sei que muitos partilham comigo esta sensação. Não esqueço, obviamente, outros que muito me ensinaram, mas a madrinha é especial.
Como sei que ela não gosta destas coisas e, tenho a certeza, vai dar-me na cabeça, decidi postar isto sem passar por ela. Porque a minha madrinha merece este miminho! E porque sei que esta minha emoção será partilhada por muitos.
Beijos grandes (no coração, como ela diz) para a minha madrinha, mentora, professora, camarada, irmã e amiga Adelaide!
(Ora toma!!!)

26/07/10

"...´Vocês já sabem que eu estou aqui!!!"

Pois estou mas foi graças ao GJS (GRANDE JORGE SIMÕES)!

Muito obrigado por me terem proporcionado o arranque da realização do meu sonho de infância!

Um abraço para todos e um grande beijinho para o GJS.

20/07/10

Azul (com)passado

Só podemos ter um passado quando se faz presente! Esse presente existe, está tatuado em tons de azul na nossa alma. Memórias guardadas no nosso percurso pessoal e profissional.
Ter dado nome a este blog é algo imensurável. Nasceu num dia de Julho, numa tarde quente de verão, dentro de um estúdio de rádio onde a comunicação se faz arte.
Azul com passado é presente, um presente vivo…Que o futuro nos traga um livro (em papel) de memorias em tons de azul … Fica o desafio a todos! Vamos postar! Como escreveu Fernando Pessoa: "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."
Eu acrescento, por isso o nosso Azul não perdeu a cor, continua intenso, e agora através do azul com passado ficou mais brilhante. Vamos retocá-lo para que nunca perca o brilho das nossas emoções. Está nas nossas mãos cuidar do Azul Prata! Vamos?
Helena Almeida
14 Julho 2010

19/07/10

Memórias de uma (outra) noite de Verão

Faz hoje 25 anos concretizei um sonho! Iniciei com um grupo de gente fantástica uma aventura que durou a “eternidade” de uma juventude: A Rádio Azul!
Foi feita de amor e esforço.
Passados 25 anos tive uma noite de felicidade. Revivi esses momentos de esforço com um sorriso e esses momentos de amor com nostalgia!
Obrigado a todos por estes tempos de felicidade.
(Luís Monteiro)

São 25 anos que marcaram uma geração de jovens radialistas em várias vertentes, profissionais e humanas, são as que destaco.
Foram anos de muita aprendizagem, que sinceramente agradecemos todos.
Um abraço para todos.
(José Crispim)

Sem palavras quando o coração está entre amigos do éter.
(José Carlos)

Obrigado por tudo o que aprendi!!!
(Pedro Picoto)

Só uma grande rádio poderia juntar tantas pessoas, tantos anos depois…
Obrigado pelos ensinamentos e pelas recordações.
Um bem-haja para todos.
Abraço
(Pedro Conceição)

Por aqui é que podíamos ir.
Pela amizade, pela saudade, pelo amor, pela paixão, por tudo isto.
Então… é por aí que vamos.
(Carlos Branco)

Nos grandes projectos não há pequenos heróis. Há heróis!
Todos nós, que fizemos história no tempo em que se fazia História.
Obrigado, Rádio Azul.
(José Pedro Calheiros)

Deste passado que o futuro tratará de relembrar, ficam as histórias que, em conjunto, todos gostamos de lembrar.
Muito tempo, diferentes épocas, mas sempre marcantes, a todos fica a noção de sempre ter tentado servir bem a comunidade.
Por isso, obrigado e parabéns.
P.S. Malta, vocês são os maiores.
(Luís Mestre)

“…viemos ao mundo para informar…”
Palavras de Jorge Simões, há 25 anos.
Da Rádio Azul dessa altura resultaram grandes profissionais espalhados pelo mundo da informação, desporto, política.
A Rádio Azul também veio ao mundo para formar pessoas.
… amanhã, pelas previsões meteorológicas também é previsível chover… é o ciclo da vida que se repete.
Parabéns a todos que fizeram parte desta grande família.
(Fernanda Antunes)

Setúbal, no dia 1 de Julho de 2010
25 anos depois de outro 1 de Julho que foi o início de um sonho vivido através da paixão de ajudar a transmitir outro sonho. Sonho difundido por entre o “ar” de uma terra que passou a fazer parte indelével da minha vida, em todos os aspectos que a fizeram vida intensa, vida vivida em cada momento de expectativa, na hora de partir do meu espaço habitual de então para esse novo espaço dessa rádio e que era agora também meu.
Aqui ao lado falam de “prazo de validade”, mas estas vivências desde esse dia 1 de Julho vão estar tão intensas como o foram desde o início… e até sempre…
(João Henrique Melo)

01/07/2010

Falar da Rádio Azul, para mim, é falar de um tempo de paixão (de paixões!...) que tornava possíveis todos os sonhos.
Era um tempo de acreditar e de fazer acontecer. E com que entusiasmo o fazíamos todos, meu Deus! Entregues de corpo e alma, indiferentes a horas de comer ou dormir, o que nos movia era mesmo essa capacidade de querer aprender, de querer fazer bem, de querer contribuir para tornar a Rádio Azul naquilo que, efectivamente, chegou a ser: um enorme motivo de orgulho para todos nós, que ajudámos a escrever a sua história.
As paixões transformam-se, com o tempo. Mas o que então nos uniu prova-se hoje, uma vez mais, que está bem guardado no lado esquerdo do nosso peito.
Um abraço grande
(Dina Barco)


Isto é o 25º aniversário da RA. Boa. Nunca pensei estar a escrever isto a esta hora (02.35). Enfim, depois de uns baldes ‘tou mais para lá do que para cá, tenho uma bela vista para o passado que está em frente de mim de pernas cruzadas.
Belas recordações do passado. Foi tudo muito bom. Desculpem a bebedeira.
Do vosso sempre amigo.
(José Luís Duarte)

Aos 25 anos de amizade que a Azul ajudou a construir.
(Paulo Anjos)


Foi um orgulho trabalhar na Rádio Azul, quando era Rádio Azul e se pautava por princípios de isenção, imparcialidade e, dentro das limitações materiais, bom jornalismo.
Sou orgulhosa desse meu percurso e dessa fase da minha vida.
Foi, também, com orgulho que estive nos 25 anos da fundação e na homenagem a grande rádio que foi.
(Ana do Carmo)

Para mim a Rádio Azul foi o berço. Talvez a mãe, sendo que o pai (o meu, profissional) foi o Jorge Simões. A quem devo ainda muitos dos valores que acredito e quase todos os palavrões que digo.
E de tudo isso, tenho um orgulho enooooooorme!
Um beijo, até já.
(Adelaide Coelho)

Nasci numa noite quente de Verão. Fui jornalista bebé, aqui. Foi aqui que dei os primeiros passos e cresci. Sempre Azul.
(Gabriela Batista)

Há 25 anos eu não fazia rádio nem sonhava que um dia viesse a fazer… mas fiz! E agora faço parte desta família imensa criada em tons de azul.
O reencontro, a partilha, a nostalgia de tantas emoções fazem brilhar os olhos e acelerar o coração. E ainda bem! Hoje deixei brilhar os olhos e senti “taquicardia” e isso faz-me sentir especial por ter partilhado essas emoções com quem as entende e as vive!
Porque há um infinito azul que nos une… cá nos reencontraremos daqui a cinco, dez, quinze, vinte ou vinte e cinco anos!
(Natália Abreu)


13/07/10

Gostar



"Nascemos numa noite quente de Verão. Penso que era assim que começava a nota de abertura do parto. Se não foi assim há 25 anos, andou lá perto. A recém anestesia a que fui submetido pode influenciar a memória, esta parte da memória, porque a outra, a importante, está, asseguro-vos, intacta. Pois nascemos há 25 anos. Todos. Mesmo os que pensaram que nasceram. Os que nasceram há 25 anos sabem a distinção entre ser e parecer. Peço-vos só aquele tempo infinito dos que sabem do que custou e gostou nascer numa noite quente de Verão. Gostar, nascer, porque gostar é brotar de um fio de palha, é enterrar-se numa onda; gostar é carregar o éter, é despejar palavras; gostar é mais do que amar, é menos do que querer. Gostar é acima de gozar, é abaixo de possuir. Gostar é encher o pensamento, é esvaziar o corpo. Porque gostar é voar nos céus, é aterrar no infinito. Gostar é saltar muros, é cair de paixão. Gostar é partir para mundos e regressar à terra, porque gostar é incendiar mares é apagar escuridões. Gostar é nascer numa noite quente de Verão. Porque gostar é Azul, é arco - íris. Há 25 anos, ontem, hoje, agora, aqui. Parabéns a todos, mesmo àqueles que já cá não estão."
Jorge Simões
01/07/2010

Um presente azul



Entre as interjeições de alegria e os sorrisos rasgados, entre os abraços sentidos e as emoções confessadas, entre a saudade assumida e as memórias partilhadas a ideia insinuou-se, tomou forma, ganhou força. Nesta nova noite quente de Verão, a promessa de não esquecermos o que tão fundo nos tocou.
Neste Azul(Com)passado esmiuçamos e partilhamos as memórias de um tempo colado à pele. Aqui recuperamos também afectos, pessoas, peripécias e elevamos o orgulho imensurável de pertencer à tribo de índios da meia – praia do éter, que nos mudou a vida e ensinou valer a pena correr atrás do sonho.
E porque há um imenso azul que nos une e que se cola à pele, aqui ficamos todos mais perto uns dos outros e muito mais próximos de um tão grande sonho que, tal como já dizia o poema, era um enorme "Sonho Azul" de memórias escritas, vividas e contadas numa quente noite de Verão.