12/10/10

Tractor

Creio ter sido no segundo mandato do professor Mata Cáceres na câmara de Setúbal, que a cidade recebeu uma dose generosa de alcatrão... O presidente andava tão entusiasmado que só falava no assunto. Em todas as entrevistas, todas, mesmo que o tema fosse outro.
Num evento cultural, a coisa repetiu-se. A Fernanda Matos chegou à redacção e muito apreensiva disse-me:"Adelaide, não sei o que fazer com isto. O presidente só falou do alcatrão!".
Já um bocadinho irritada, teci uns comentários que não vale a pena repetir e terminei: "Vai ficar para a História, como o Manel do Alcatrão!".
Na redacção, para além dos jornalistas, estavam uma conhecida figura da politica (oposição) e um actor do TAS (Teatro de Animação de Setúbal). Na entrevista daí a alguns minutos, em directo, a ilustre figura política teceu - para não variar - duras críticas ao presidente e - despudoradamente - apossou-se do meu desabafo sobre o alcatrão e disse-o como sendo dela. Para a coisa ser perfeita, o actor do TAS também criou uma rábula sobre o mesmo assunto. Tempos mais tarde, o presidente deu-me a entender, em conversa meramente informal, que não tinha gostado muito da história.
Sem coragem para confessar a autoria da carinhosa alcunha e já que o autarca estava prestes a fazer anos, propus à redacção a oferta de um miminho... um tractor em miniatura. Que segundo sei, adorou! Espero que também goste desta história... quase vinte anos depois!
Um beijinho, professor Mata Cáceres, com todo o respeito

Adelaide

10/10/10

Afluentes…

Uma noite chegou de uma reportagem, tão mansinha que pensei que algo menos bom tinha acontecido. Não exteriorizou absolutamente nada, não resmungou, nem disse um único palavrão! Hum… cada vez mais estranho! Perguntei se tinha corrido tudo bem e respondeu que sim… sem a “festa” do costume. Enclausurou-se no mini estúdio e foi montar a peça. Quando saiu, tinha um brilhozinho nos olhos. Um brilhozinho diferente, a raiar a emoção. Os olhos da “neófita” Natália mostravam bem que o rio Sado iria ganhar dois afluentes a qualquer instante…A Natália Abreu tinha entrevistado Álvaro Cunhal. E, naturalmente, ficou comovida. Entrevistar a História comove e dá uma preciosa ajuda no processo de crescimento…

Beijinhos, na catedral dos afectos