09/12/10

Palavrinhos e véspera de Natal

Véspera de Natal, início da tarde, nos - então - novíssimos estúdios da Rádio Azul (1986). Damo-nos conta que não tínhamos nada alusivo à quadra, para o nosso programa de informação, Gazeta da Tarde. Num ápice e com meia duzia de telefonemas, chama-se toda a redacção à base, onde só estavamos de serviço eu e o Jorge Simões. Redacção reunida, definem-se estratégias. Vai tudo para rua fazer reportagens, exceptuando os dois que estavam na escala. Coube-me fazer noticiários e a própria Gazeta, enquanto que o Jorge Simões (que ainda por cima precisava de sair mais cedo) iria gravar rm's. Os outros companheiros iriam conciliar as reportagens com as compras (de última hora) de Natal.
A tarde avançou no tempo, o Jorge saiu deixando algumas rm's prontos para irem para o ar e de repente fiquei sozinha. Com um programa de uma hora para fazer e sem saber muito bem o que fazer. O material disponível daria para quinze ou vinte minutos. Às 19h entrei no ar. Angustiada! Ninguém dava sinal de vida, ninguém chegava com reportagens e o material estava rapidamente a esgotar-se.
Passava o penúltimo "rm" disponível e de repente, todos os repórteres invadem o estúdio e em vez de começarem a montar o material, resolveram mostrar-me o que tinham feito. Todos ao mesmo tempo! O "rm" que estava no ar, estava a acabar e... acabou. Gritei pelo intercomunicador para o técnico "cola a publicidade" e na precipitação abri o microfone enquanto dizia "despachem-se p..., vão montar essas coisas, m..., eu ouço tudo quando estiver a passar... p..., despachem-se!" E fiquei por aqui, quando me dei conta das expressões de espanto dos meus colegas. Estava sem "phones" e não me dei conta que tudo o que eu tinha dito, tinha saído na antena!
(...)
O meu desabafo surtiu alguns efeitos. Os repórteres foram todos para a redacção tratar das reportagens que por artes mágicas começaram a entrar em tempo recorde.
No final do programa, fiquei a saber que, por causa dos "palavrinhos" que eu tinha proferido em directo, o policia sinaleiro da Avenida dos Combatentes, esteve prestes a ser atropelado. Pela Mila de Matos (directora comercial da R.A.). Quando ouviu o meu primeiro desabafo, achou que não tinha ouvido bem e procurou sintonizar o rádio. Com o carro em andamento e felizmente que seguia devagar. Quando confirmou que era mesmo eu que estava a desabafar também se deu conta que ou travão a fundo, ou policia atropelado. Abençoado travão!

N.B. No dia do jantar dos 25 anos da rádio, comentei esta história com algumas pessoas. Entre elas o Luís Monteiro e o João Melo. E comentei também que - à excepção da Mila - mais ninguém me chamou para atenção para os desabafos em directo. Resposta do João Melo: "Só disseste isso? Claro que ninguém ralhou contigo, ora! Esses palavrões eram pacíficos comparados com os que muito boa gente proferiu, de microfone aberto!".

3 comentários:

  1. Comentário atrasado do João Melo, que só agora leu:
    Obrigado por me lembrares isso, Adelaide!

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  2. E esta não foi a única vez que abriste o microfone para dizer palavrões!
    Lembro-me bem de uma vez que eu estava com a Mila no departamento comercial e ouvimos-te a chamar uma série de nomes feios ao técnico de serviço, que não me lembro quem era, para ele meter a m... do rm.
    Toda a gente correu para os estúdio, os telefones não paravam de tocar, os chefes foram à rádio, enfim, por azar toda a gente estava a ouvir a rádio no momento em que a Adelaide se enganou no botão e em vez de ligar o intercomunicador para falar com a régie ligou o microfone...
    Acontece aos melhores!!!

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